Não, não posso tocar. Quero resistir, partir, daqui sair! Estão a chamar por mim... consigo ouvi-los. "Come-me, ingere-me, degusta-me, mastiga-me, trinca-me, lambe-me, prova-me... perde a cabeça!" Fazem-me suar, pensar: Que ansiedade, que stresse, que incerteza! Deixem-me em paz. A minha barriga não vos pode ter. Apenas os olhos vos podem comer. Calem-se. Já não vos posso ouvir. Parem! Muito bem... só desta vez. Mas tenho medo que se siga uma e outra vez, perdendo gradualmente a lucidez. Venceram! Terei de vos comer, pois só assim se calarão. Mas da próxima, da próxima... será diferente! Serei valente! Ah! (E assim me engano, pensando que resistirei da próxima vez...)
É ouvível sim senhor.... o senhor. Stephen Lynch. Define-se como "comedic singer songwriter". Se Elliot Smith, Nick Drake, Devendra Banhart, Jeff Buckley ou outros cantautores se tornassem comediantes, de certo se chamariam Stephen Lynch. Poeta de coisas simples, cantor do quotidiano, trovador do dia-a-dia, ele consegue transformar aspectos (alguns menos bons) com que nos confrontamos todos os dias nas nossas vidas ou na vida de outros e transforma-os em canções. Um poeta pode escrever com uma guitarra. Um poeta pode ser um comediante. Um comediante pode cantar e tocar guitarra. E tudo isso faz sentido. Vale a pena perder algum tempo a ouvi-lo. Algum dia será famoso. Tem talento pois então!
Holanda. Ouve-se muito a frase: "Porquê? Ah... faz sentido".
As crianças da primária aprendem a nadar com a roupa vestida... faz sentido! Com a quantidade de canais fluviais em que o risco de elas cairem é elevado, faz sentido aprenderem a nadar com roupa, pois ela restringe os movimentos.
"Vai por as cervejas lá fora para arrefecerem"... faz sentido! A temperatura exterior nesta altura do ano é inferior à do interior de um frigorífico.
A maquina de lavar está sempre na casa de banho... faz sentido! Quando vamos tomar banho ou lavar-nos, podemos pôr logo na máquina em vez de a guardar em caixas bolorentas.
As coffee shops vendem drogas leves, mas não alcoól... faz sentido! A mistura de ambos é perigosa e os donos desses lugares habitualmente são muçulmanos, cuja religião não permite o consumo de alcoól.
De certeza haverá mais coisas que fazem sentido porque afinal... é um país que faz sentido! Outros haverá que...
Alertado para o insólito facto por um amigo, fiz uma pesquisa do meu nome na base de dados de emails da faculdade onde estou aqui no Reino Unido. Para minha surpresa, o nome "Rui" parece ser bem comum na China. Não só não sabem pronunciar o meu nome correctamente aqui, como agora virei chinês e tenho uma veia empresarial (pela quantidade de Ruis que parecem enveredar por esse caminho, aqui demonstrada). Seja...
Serei Xu, serei Zhang, talvez Li ou Wang. Acrescentarei um hua ou um qiang, quem sabe serei Ruiqiang, filho de Wang. Descendente de longas dinastias, fazedores de cerâmicas, exploradores terrestres, talvez até comerciantes de especiarias, afrodisíacos ou apenas de patifarias. As minhas feições mudarão e serei diferente, do oriente. Pintarei minhas letras, em vez de as escrever. Serei dono da sabedoria milenar. Mudarei meu nome. Serei Xu, serei Zhang, talvez Li ou Wang. Acrescentarei um hua ou um qiang... Isso. Serei Ruiqiang, filho de Wang! E a minha vida será diferente. O mesmo Rui, mas do oriente!