28/12/2005

Fiquemos pelo tradicional Natal

Nunca é tarde para o fazer...
Deixo-vos a mensagem que enviei este ano por sms a alguns dos meus ilustres amigos:

Nesta época moderna de competição pela mensagem de Natal mais original, fico-me pelo tradicional:
Feliz Natal!

E já agora: Feliz Ano Novo!

21/12/2005

Dúvidas existenciais IV: O caso dos pombos inteligentes

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Tenho uma dúvida existencial... Serão os pombos inteligentes?

INTELIGÊNCIA
(In Dicionário de Língua Portuguesa Online): do Lat. intelligentia; s. f., faculdade que tem o espírito de pensar, conceber, compreender; capacidade de resolução de novos problemas e de adaptação a novas situações; talento; compreensão fácil, nítida, perfeita, profunda de qualquer coisa; percepção; pessoa de grande capacidade intelectual;
fig., conluio, ajuste, combinação;(no pl.) entendimentos secretos, combinações.

Vejamos... eles pensam constantemente em depenicar todo e qualquer pedaço de qualquer coisa que se assemelhe a comida e concebem complicados estratagemas para o fazer, enquanto evitam ser pontapeados por um qualquer humano que deles se aproxime ou um carro que venha na sua direcção. Até porque eles compreendem intuitivamente que em estado "esborrachado" será difícil comer.
Têm uma
capacidade de resolução de novos problemas e de adaptação a novas situações de invejar. Coloquem arames ou agulhas de metal nos monumentos monumentalmente cagados por estes seres, que eles encontrarão um onde isso não tenha sido feito ou o edifício mais perto.
Têm um talento enorme para se vingarem de nós, enviando um presente envenenado dos céus, qual bomba de humilhação e mau cheiro. A vingança não é um prato frio, mas uma gosma semi-líquida que vem quente, fumegante, escorrente.

Eles têm uma
compreensão fácil, nítida, perfeita, profunda de que estes mísseis teleguiados nos atingirão. Se tivessem dentes, eles ririam. Provavelmente apenas estremecem os bicos de prazer, de deleite por tão ousada ousadia. De certo o bico é usado como mira para um perfeito atingir do alvo.
Não são uma
pessoa de grande capacidade intelectual, mas de certo já atingiram muitas, o que coloca a questão de quem terá a maior capacidade...

Alguns dirão que tudo isto será
um conluio, um ajuste de contas, uma combinação;um conjunto de entendimentos secretos, combinações entre pombos para destruir a nossa sociedade. Eles escondem os seus ninhos de nós (haverá alguém que algum dia tenho visto um ninho de pombo na cidade?). Na verdade, a cidade é o seu ninho! Nós? Apenas a palha, as ervas daninhas que o compoem.

Se isso vos faz sentir bem... continuem a rir-se de nós, enquanto nós nos achamos mais inteligentes que vós. Mas... seremos?

INTELIGÊNCIA (In Dicionário de gaZpar revisto e aldrabado): ofertar aqueles que se acham intelectualmente superiores a nós com dádivas dos céus, em forma de aconchego fumegante; cagar para eles em formato aerodinamico.

16/12/2005

Push the button?

Senti-me a entrar num mundo estranho. Não parecia ser real.
Estaria a dormir? Acordadamente dormido?

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O mundo que eu sempre conheci estava a ser invadido, penetrado, violado... e eu? Inconformado.

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Pairavam sobre nós como abutres, num mundo de ideiais mortos.
O mundo é bom, o mundo é mau, mas não poder ser bom e ser mau.
Um lado é bom, um lado é mau. Do meu lado é bom, do teu é mau.

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Senti-me pisado, espezinhado, esborrachado por tamanha injustiça.
Eu? Apenas a barata!

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Lá estão eles. São notícia. Tornaram-se notícia. Fizeram-se notícia.
Já deixou de ser notícia... apenas mais uma mílicia, fardada de justiça.

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Aqueles... pobres deles. Apenas mais um robô. E mais outro. E mais outro.
Tudo não passa de um jogo virtual, de dano colateral.

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As casualidades são só isso mesmo: casuais.
Também ocasionais, muitas individuais, mas com consequências globais.

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Alguém está lá fora a olhar por nós, a zelar por nós. É tudo para nosso bem, para nossa protecção.
Mas então porque soa tudo vago e estranho? Talvez ainda esteja a sonhar...

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A luz nos protegerá, aquecerá, iluminará.
Essa luz que vem do céu e que tem do outro lado a terra... que se faz guerra e enterra.
Para quê preocupar? Alguém por nós olhará, matará, mas de certo não sentirá.

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Apenas necessitamos de ter fé na civilização
.
Eles nos guiarão.


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Apenas necessitamos de ter fé na religião.
Eles nos guiarão.


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Eles nos hipnotizarão!
Nos controlarão.

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E nós? Não haverá nós. Nem voz.
Apenas eles e os outros.
Eles, os de bem.
Bem?

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Este mundo é estranho. Não quero mais dormir.
Vou acordar, antes que alguém carregue no botão!

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Push the button?

Inspiração e imagens recolhidas no concerto de Chemical Brothers
07/12/2005, Plymouth Pavillions

13/12/2005

Verbatim I: Mudar

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Marquês de Pombal, 1930


Eu mudei.
Tu mudaste.
Ele mudou.
Nós mudámos e não voltaremos a ser os mesmos.
Nós aprendemos ou talvez não. Não sabemos. Apenas o desejamos.
Vós mudasteis mais do que eu pensaria. Tu não o esperavas e eu nem sabia o que esperar.
Mas eles... eles não mudaram. Ficaram presos ao passado e não evoluiram.
Eu? Eu mudei. E tu também.
Ficaremos à espero do próximo verbo que se torne passado.

11/12/2005

Pensamentos caústicos VII

As aves constiparam-se e o mundo vai acabar.
Isso quer dizer que ser vegetariano não me serviu para nada?
Merda!

05/12/2005

San Francisco feito de cores e sons

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E assim o meu mundo feito de cinzento foi invadido de cores e sons.
A cidade sempre a mesma... mesmas pessoas, mesmos carros, mesmas ruas.
Mas mudou, porque se travestiu de cores e sons.
E assim a mudança de fora veio para dentro e as
mesmas pessoas, mesmos carros, mesmas ruas, de alguma forma deixaram de ser as mesmas pessoas, mesmos carros, mesmas ruas, porque também isso mudou.
Assim mudou, transformou e cicatrizou.
Modificou o negro e branco e deu-lhe vida. Despertou.
E assim... assim mudou!

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Inpirado num dos melhores anúncios televisivos dos últimos tempos, cuja página oficial se encontra aqui e no qual a cidade de San Francisco foi invadida por milhares de bolas saltitantes e multicolores. A comprovar no video com versão de alta qualidade aqui ou de baixa qualidade aqui.

As imagens são acompanhadas por um músico que para mim foi uma descoberta interessante e original, ainda que beba da mesma fonte SimonGurfankeliana e NickDrakiana que os Kings of Convenience... mas representando uma evolução positiva face ao NAM (new acoustic movement).
Este senhor chama-se
José González e podem encontrar um excerto da música que acompanha o anúncio aqui.
O álbum Veneer já toca no meu pc! E vale a pena.

Para ver o video de alta qualidade, é necessário banda larga e instalar a ultima versão do quicktime player.

02/12/2005

Are you local?: League of Gentleman ao vivo

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É assim no Reino Unido...
Faz-se uma série televisiva que alcança um relativo sucesso e aproveita-se esse sucesso para ir para a estrada e tentar alcançar outros públicos, no intervalo entre séries (ou no caso dos patrões não quererem continuá-la na TV...).
A "League of Gentleman" é disso exemplo (destronada apenas pelo mais recente sucesso da comédia britânica, denominado "Little Britain").
Para os que esperam ver um espectáculo similar à série televisiva, mas apenas com um cenário maior e interacção... desiludam-se. As personagens são as mesmas, mas o ambiente criado não faz juz à série. Como peça televisiva adaptada ao teatro, não traz muito de original.
Mas olhemos para a peça por si só e esqueçamos a TV. As coisas mudam de figura. Uma das melhores peças de teatro que já vi.
Numa primeira parte, tudo se passa à volta de uma audição para representar uma versão do nascimento de Jesus... oportunidade para eles incluirem a piada: qual a semelhança entre Harry Potter e a Bíblia? Ambos falam de um menino que faz coisas mágicas e têm o mesmo tamanho... Felizmente as piadas foram melhorando.

A segunda parte, dominada pela natureza humana esquizofrénica e negra que dá à série a sua qualidade. Descidas ao inferno, uma versão negra da cinderela (literalmente, pois o príncipe era negro... e a cinderela a mais feia da aldeia), um Carnaval do Rio adaptado a este universo, uma análise veterinária de uma vaca (com a ajuda de uma rapariga do público, que levou como presente gosma verde nos braços) ou um médium que (supostamente) fala com os mortos.
Os que parecem mais normais são talvez os mais loucos e os mais loucos, são sempre loucos. A perversão, sadismo, sarcasmo, ironia... tudo está lá.
O melhor? O casal dono da "Local Shop for Local People". Froid ficaria contente de os estudar como caso clínico, de tanta perversão que por ali anda. "Are you local???"
Algumas aprendizagens:
- A forma politicamente correcta de chamar anão a alguém:
People Of Reduced Growth; mas que também é um perigo, pois podem ser chamados de
PORGs (semelhante a Pork=carne de porco; gordo).
- "Never sleep with a pig, because if you do, both of you are filthy, but the pig enjoys it..."

Para finalizar, algo que traduz o estado de espírito associado à cidade onde decorreu o espectáculo:
- "Where do you come from my dear?".
- "Plymouth".
- "I am sorry...".
- "From Plymouth".
- "No... I meant, I am really sorry!"

28 Novembro- Plymouth Pavillions

27/11/2005

Pensamentos caústicos V

Eu penso, logo existo.
Mas se existo logo, não existo agora e nunca existi...
Mas existirei! Ainda há esperança.

24/11/2005

Pensamentos caústicos I

Planear experiências científicas é como dar à luz.
Nunca sabemos o quanto doi fazê-lo, até passarmos por isso...

18/11/2005

Futurama I

Terá a moda da retromúsica os dias contados?
Não preciso dizer que há uma moda de plagiar ou inspirar-se em música já existente. É evidente.
Dos mais indie e alternativos (seja lá o que isso quer dizer) aos mais usa-e-deita-fora e comerciais, (quase) todos o fazem.
E parece haver um padrão... ora vejamos o caso dos
mais ou menos indie e alternativos.

Os pré ultra difundido plágio
Podemos dizer que a britpop foi o sinal de que o apocalipse das ideias originais estava próximo.
Os Oasis imitavam os Beatles (ou tocavam os acordes deles em ordem inversa... vai dar ao mesmo), os Blur imitavam os Smiths. Os outros imitavam todos os outros e mais estes.
Alguém percebeu que estaria aqui uma mina de platina.

Os quase originais mas ainda plágio
Mais ou menos na mesma altura vigorava a lei do Grunge. Kobain era o rei. O rei morreu, viva o rei (qualquer semelhança com o rei Elvis é completamente propositada).
Os Nirvana foram classificados como originais, os líderes do Grunge. Do Grunge nada tinham de igual excepto a cidade de origem (Seatle). De original... bebiam da fonte de inspiração dos Pixies, Sonic Youth, Mudhoney, Melvins e outros similares.
Os tais do Grunge, aninhavam-se nos braços do avô Neil Young e juntavam-lhe distorção.
Descrição simplista, mas realista.
O rei morreu... acabou a criação, a imaginação.

De volta ao passado recente, de plágio presente
Apesar de algumas tentativas como é exemplo o Tripop, o caso parecia complicado.
Na ausência de ideias e com casos bem sucedidos de plágio no passado (vide Oasis), a fórmula parecia simples. Tocar como no passado com a tecnologia de hoje.
Mas tudo pareceu processar-se com uma certa ordem cronológica.

Os setentialistas
Apareceram ou tornaram-se famosas bandas inspiradas nos anos 60/70 como os White Stripes, The Strokes, The Datsuns, Kings of Leon, The Hives, The Coral, The Darkness (estes deviam ter a sua própria categoria...), The Raveonettes e tudo o que tivesse um "The" antes do nome. Os Dandy Warhols já por cá andavam.

Os electrocto
Desta feita chegaram os electroclash e electro-qualquer-coisa-que-soe-a-anos-80-e-um-pouco-a-70s. The Killers, The Bravery, Fischerspooner, Scissor Scisters, Maximo Park, LCD Soundsystem, Franz Ferdinand, Interpol, Bloc Party, The Faint, Dead 60s, Kaiser Chiefs,
Arctic Monckeys, The Strokes, VHS or Beta, Chromeo, The Futureheads, The Rapture, Radio4 e outros tantos. Talvez seja injusto estarem todos no mesmo saco... ou talvez não.

Os novesgrunge
Chegou a vez dos anos 90. Venham os Autolux, BabyShambles, Nine Black Alps, Subways, The Strokes (mais uma vez) e outros que estão para aparecer.

Os NotYouToo
Para além dos representantes de décadas, há os representantes de conceitos e de bandas...
Veja-se o caso dos Kaiser Chiefs,
The Streets, Kasabian, Graham Coxon, Supergrass e Stereophonics (estes três ainda se mantêm da primeira leva), os novos representantes do britpop (os Blur continuam a ser uma influência).
Os Oasis, que há muito deixaram de imitar os Beatles para se imitarem a eles próprios.
Ou mais flagrante, os Coldplay, que deixaram de representar os Radiohead e agora querem ser U2. Atrás deles, veio toda uma onda de "quero ser como os coldplay, por isso arrangem-me um piano", sendo os Keane os seus mais fiéis seguidores. O problema: a partir daqui toda a banda que tenha piano soa a Coldplay...

Os deixa-lá-ver-o-que-vem-para-aí
Poucos representantes nesta categoria. São aqueles que começam a ficar velhitos, mas evoluiram. Cresceram. São originais e ainda despertam interesse.
Radiohead, Massive Attack, Nine Inch Nails, Depeche Mode, The Cure, Low, Calexico, Muse, Bjork e muitos outros felizmente!

Muita coisa ficou de fora, mas a ideia é: olhem para a evolução de uma banda como os The Strokes e percebem o que digo. Começaram nos 60/70 no primeiro álbum, passaram pelos 80 no segundo e estão nos 90 agora no terceiro (pelo que o 1º single "Juicebox" dá a ver). Será que vão fazer algo original nos próximos?

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Foto retirada de: http://www.reviewjournal.com/webextras/gallery/stroud/ent23.html

15/11/2005

Como queimar 98% dos neurónios em menos de 24h

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Nunca até hoje, no mesmo dia, usei recursos mentais de forma tão diferente.
Aos meus neurónios foi-lhes exigido pensar em termos concretos, passando aos abstractos e voltando aos concretos.

Uma parte de mim discorre em pensamentos daquilo que é palpável, tangível e mensurável.
O universo explicado em números, traduzido em coeficientes, numa diarreia matemática verbal e escrita. Sinto-me um cientista, experimentando, calculando, controlando... imergindo-me numa análise analítica, crítica e científica. O saber protege-me, defende-me da subjectividade. Promove a objectividade, a frieza e imparcialidade. Estou seguro.
Deixei de o estar.

Viajo pela mente de um filósofo e perco-me dentro dele.
O chão parece fugir-me dos pés, sinto-me a flutuar mas não sei o que sinto por causa disso. Passa-me pela cabeça que o consumo de opiáceos deverá produzir um efeito semelhante.
A parte científica de mim parece envergonhada e teima em esconder-se, assustada.
O universo é agora explicado por aquilo que pensamos que ele significa. É traduzido em ideias, insights, de características imaginadas, inalteradas e incontroladas. Não há códigos ou filtros. Sai como sai e cada um lhe atribui um significado... nem sempre partilhado.
Qualquer tentativa de experiência traduz-se em empiricismo, em observado ou pensado. Sinto-me inseguro, mas ao mesmo tempo mais próximo de uma verdade que os métodos científicos actuais não conseguem interpretar. Imergido em subjectividade, emotividade e parcialidade.

Volto a procurar a segurança. Volto ao concreto, ao que
é palpável, tangível e mensurável.
Respiro de alívio. Mas por alguma razão sinto-me mais longe da verdade, da imaginação, da criatividade. Da possibilidade de criação de novos teorias, baseadas em novas ideias e discussões.
Volto a sentir-me inseguro, mas agora na suposta segurança.
A solidez já na me parece tão sólida. A objectividade parece algo subjectiva.

Talvez em vez de alternar, devesse utilizar os dois pensamentos em simultâneo.
Não preciso de dois cérebros. Apenas de me libertar das inibições de cada um deles. Libertar-me.

Com os 2% de neurónios que restaram, vou sonhar com essa possibilidade enquanto calculo as probabilidades de isso acontecer um dia...

Reflexões esquizofrénicas causadas por: Realização de análises estatísticas baseadas em regressões múltiplas, passando ao pensamento crítico sobre um texto de Wittgenstein acerca da filosofia da mente e voltando à regressão logística e modelos log-linear.

13/11/2005

Apenas mais um comboio

Por vezes a vida parece uma estação de metro.
Às vezes estamos na estação errada, outras na carruagem errada.
Às vezes as pessoas à nossa volta estão erradas, outras as coisas dentro de nós estão erradas.
Às vezes a linha é amarela, verde, vermelha, azul... outras não passa de um túnel negro.
Às vezes queremos ir para um sítio mas a linha ainda não foi construída.
Outras queremos ir para onde sempre fomos e vemos que de dia para dia as linhas se deterioram.
Às vezes as linhas cruzam-se e mudamos de umas para outras. Outras vezes queremos apenas ir directos para onde queremos ir.
Para alguns a luz ao fundo do túnel é esperança, para outros é apenas mais um comboio.
Por vezes até chegamos a pensar como seria comandar essas linhas e esses comboios, mas acabamos sempre por nos deixar guiar, seguir e conformar. É a regra.
Todos os dias mais do mesmo... mesmas linhas, cruzamentos, entroncamentos de sentimentos.
Por vezes desviamo-nos do comboio, outras somos trespassados por ele.
Por vezes somos apanhados sem bilhete e tentamos fugir. Mas acabamos sempre por voltar.
Voltar e apanhar... apenas mais um comboio. E esperar... esperar ou tentar mudar de lugar... ou apenas parar.
E deixar... andar.

The Subways
- Young for eternity

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10/11/2005

Bem vindos ao mundo de Lauro Dermio

Querem rir um pouco?
Lembram-se da personagem do Herman, o crítico de cinema Lauro Dérmio?

Pois traduzam este blog aqui e vão rir de certeza. Prometo!
Ou então o meu outro blog traduzido para português (do Brasil...).

É uma experiência totalmente alucinante sem recorrer a químicos.
Muuuuito bom!
Obrigado ao senhor zoick pela ideia. ;)

06/11/2005

Vejo que tem um mal estar no coração

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Entre por favor. Estou aqui para o curar.

Vejo que tem um mal estar no coração. Talvez uma injecção de alegria o ajudasse, mas temo que os anticorpos da solidão reduzissem a eficácia do tratamento.

Penso que um pouco de exercício ajudará. Ponha os músculos do coração a trabalhar de tempos a tempos.

Olhando para as suas artérias sob pressão, imagino que a actividade cerebral seja intensa. Aconselho cozinhar os seus pensamentos em lume brando juntando sumo de tranquilidade, até chegar ao ponto de relaxamento e cristalização.

Poderá prevenir qualquer gripe se descansar em casa, mas quando sair recomendo agasalhar-se de amigos e aquecer-se nas suas palavras.

Ingira uma colher de sabedoria duas vezes ao dia e três de ponderação. Mas pondere sobre isso. Não queira dar imagem de sabedor, sem nada saber.

Recomendo umas análises aos “maus figados” e às “dores de cotovelo” pois poderá criar em si uma maldade crónica, incurável, insuportável.

Seja paciente, senhor paciente e aguarde a evolução da sua situação.

Siga o tratamento e quem sabe não precise de nenhuma operação ou intervenção de melhoramento do coração.

A saída é no terceiro piso, ala 4. Tenha uma boa tarde!

29/10/2005

Faça favor de passar: Bloc Party e Patrick Wolf em concerto

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Entremos.
Sítio interessante este. Parece mais um pub com espaço para concertos do que uma sala de espectáculos. Talvez por isso toda a gente esteja com uma "pint" na mão. Maioritariamente adolescentes. Explica-se pela paragem no calendário escolar por alguns dias.

Entrámos.
Parece que já começou alguma coisa... está uma figura estranha no palco... Mas não era suposto ser só um concerto de Bloc Party? Parece que trouxeram um convidado. Espera... parece... não pode ser... não tenho assim tanta sorte... sim! É ele! Um bónus inesperado. É o...

Patrick Wolf - Imaginemos uma mistura entre os Dandy Warhols e uma versão mais jovem (twenty something) do Antony e obtemos este moço.
Vestido com se de um boneco de pano se tratasse, com um meio capuz preso ao cinto por uma fita de tecido e um cabelo (e não só) a fazer lembrar o senhor Courtney Taylor-Taylor dos Dandy Warhols.
Um piano e guitarras acústicas para ele, um violino para a senhora e uma bateria para o outro senhor e está o espectáculo montado.
Impressiona. Pela imagem, pela simplicidade das músicas, pela inocência arty e pela força acústica que quase faz esquecer que é acústica.
Perde. Pela falta de alguns instrumentos que preenchessem alguns dos vazios nas músicas, aqueles espaços de som puro mas inacabado.
Valeu o esforço de convencer a plateia semi-bêbeda que aplaudiu a saída de forma efusiva. O moço deve ter ficado contente sim senhor.

Esperemos.
Sim, sim. Quer passar para ir ter com os seus amigos? Concerteza. Excuse me? Of course. Deixou a sua mulher grávida no centro da plateia? Sim. Passe. É primeiro ministro da Grunholândia? Por quem é. Querem parar de passar à nossa frente por favor!??? Damn!!!

Esperámos.
E aí vêm eles.


Bloc Party -
Olhar para os Bloc Party é como olhar para uma versão reduzida das nações unidas. Ele é raízes anglo-saxónicas, chinesas e africanas. Representam parte do mundo. E quem bem que eles representam. Mas a representação pára aí.
Toda a sua actuação foi genuína. Podia dizer que eram a banda mais alegre e feliz do mundo... e suada. Como eles próprios disseram, quando se sua muito é porque o concerto está a ser bom. Não houve qualquer referência ao cheiro envolvido.
Duas ou três músicas novas (incluindo o dançável Two More Years, que amavelmente ofereceram às "senhoras que dançam muito bem nas bancadas") e as músicas do álbum Silent Alarm com alguns laivos pós album de remixes (tocar a versão feita com os Death From Above 1979 em vez da original foi um exemplo).
Se se diz que os ingleses são um público frio, nunca devem ter visto um concerto de Bloc Party nestas paragens. Todas as músicas tinham eco, movimento e copos voadores (meio cheios... ou será meio vazios?).
Eles, o centro das atenções, são representantes de vários estados de espírito. A alegria e raiva contida do vocalista, a timidez do guitarrista, o ar british e intelectual do baixista e as explosões de energia do baterista (como de um corpo tão magro sai tanta força?), combinaram-se e proporcionaram um espectáculo bastante bom.

"We're gonna win this"... and they won!


25 Outubro de 2005, Carling Academy, Bristol

24/10/2005

Dúvidas existenciais III - o caso dos hetero-flexíveis

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Tenho uma dúvida existencial...
Recentemente um amigo ensinou-me uma nova palavra: hetero-flexível. Que significa isso?
HETEROSSEXUAL - adj. 2 gén., relativo à atracção ou ao comportamento sexual entre dois indivíduos de sexo diferente; designativo do enxerto dos órgãos genitais com transplantação cruzada que masculiniza as fêmeas e feminiza os machos (ok... esta não compreendi...); s. 2 gén., indivíduo heterossexual (In Dicionário de Língua Portuguesa Online).
FLEXÍVEL -
do Lat. flexibile; adj. 2 gén., que se pode dobrar; que se pode curvar; fácil de dobrar; fig., dócil; maleável; submisso, complacente (In Dicionário de Língua Portuguesa Online).

HETEROFLEXÍVEL - do Lat. heteroflexibilis; s. 2 gén., indíviduo heterossexual que se pode dobrar, curvar, que é facil de dobrar; maleável, submisso e complacente (In Dicionário de gaZpar, versão revista e aldrabada).

Portanto, será alguém que apesar de estar habituado a vaginus lambensis (peço desculpa pelo
nível), também gosta de se dobrar de vez em quando, submetendo-se à vontade de terceiros, quartos ou a quem quiser...

Portanto é alguém que dirá: "Ok. Vou ali e já venho!". Mas nem todos voltam...

21/10/2005

And now for something completely weird: Carnivale

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And now for something completely weird...

Sparkling tooth, I see, with my fairy poison eyes.
Passing through Miss Ivy, along my Casanova friends.
I look up.
Hello Mr. Radio! How are you today?
And off he goes…
Look out! It’s a big cloud out there!
It’s something wrong with the art of making bubbles, don’t you think?
Ok… OK! Put your hands in the air and wait for the next song to fly over your head!

Foi suficientemente estranho este momento? Não?
Então experimentem ver a série
Carnivale da HBO.
O melhor que já vi do género, desde os X-Files e Twin Peaks. A não perder, em DVD ou por milagre na TV...

19/10/2005

Sai lá que estou à espera!

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Sai. Vá lá. Sai. Estou à espera que saias!

Olha que os senhores estão à minha espera. Não me deixes ficar mal.

Estás envergonhada, eu sei. Estás cansada, eu sei. Gostas de estar acompanhada pela tua amiga. Estás farta de trabalhar. Tudo isso eu sei.

Mas acho que me deves alguns favores. Tenho-te alimentado. Dou-te oportunidades para que faças ouvir a tua voz. Deixo-te dormir com os sonhos ao lado.

Faz isso por mim... sai cá para fora Inspiração. Podes fazer-te acompanhar da tua amiga Criatividade se quiseres. Depois de me dares algo para mostrar, deixarei que voltes a dormir na minha mente enquanto os sonhos trabalham.

Obrigado! Sabia que podia contar contigo.

Só gostava que não tivesse tanto trabalho de cada vez que quero que saias... Hmpf!

Senhora de vermelho num mundo de verdes II

Para completar o misticismo da coisa, importa dizer que a foto foi tirada em Glastonbury (cidade do mítico festival de música), numa torre chamada Glastonbury Tor que tem vista para longínquas paragens e que as "boas línguas" dizem que é o lugar onde foi enterrado o Santo Graal (aquele copito de vinhaça da última ceia) e está ligado ao Rei Artur (aquele mocito da espada entalada na pedra), entre outros mitos:
"There are many myths and legends associated with the Tor - it is the home of Gwyn ap Nudd, the Lord of the Underworld, and a place where the fairy folk live."

Mais ainda, há todo um conjunto de experiências atribuídas ao lugar, como pessoas que tiveram visões, que sentiram como se estivessem a voar... Provavelmente fumaram umas coisas estranhas depois do festival e depois dizem que viram Deus... yeah yeah... of course!
Independentemente de tudo isto,
de facto aquela personagem (não tenho outro nome para lhe dar) fez-me sentir de forma estranha. Mexe comigo. Ainda o faz.
Talvez a verdadeira magia do lugar sejam as pessoas que lá vão... I
wonder!

13/10/2005

Senhora de vermelho num mundo de verdes














Não a conheço. Nunca lhe vi a cara. Não sei quem é.
Mas por ela sinto algo que não sei explicar. Podia dizer que estou apaixonado, mas não deve ser isso. Como posso estar apaixonado por alguém que nunca vi a cara?...
Não me sai da memória. Aquela figura distinta olhando o mundo a seus pés.
Talvez saiba porque ela me faz sentir assim. Porque me sinto como ela...
Um vermelho num mundo verde. Uma aparente solidão, mas rodeada de vida. Um pequeno ser que sobressai pela diferença.
Não será esse o nosso objectivo na vida? Ser parte do ambiente que nos rodeia mas ter a nossa própria cor?
Não lamento não ter falado contigo. A tua imagem ficará para sempre, pois ela é mais que a imagem. É um conceito abstracto com um significado só meu.
Não te conheço, não me conheces... mas não deixo de pensar em ti, senhora de vermelho num mundo de verdes.


Glastonbury, 09/10/2005

10/10/2005

Pensado em ti Portugal do meu coração... (ou quão piroso pode ser um título)

Parece que não vou poder candidatar-me a presidência nos próximos 10 anos... estou fora do país e não pude votar nas autarquicas.
Estava tão convicto de que ia ser presidente antes dos 40...
Bom... tenho os 40 anos seguintes. Posso sempre seguir o exemplo do Dr. Mário Soares e candidatar-me por volta dos 80.
E o Carmona lá ganhou.
Só uma coisa nunca cheguei a perceber... porque é que os cartazes do Carmona tinham fundo vermelho e alguns não tinham o nome do partido?
E porque é que os cartazes do Carrilho tinham fundo rosa? Ah... claro! É a cor do PS...
E eu a queixar-me do tempo cinzento por aqui e vocês com uma tempestade tropical a porta...

06/10/2005

O meu poema simples III

Acho que pusi aqui, mas já me esqueci.
Já procuri ali, mas não encontri. Até pareci que dormi.
É melhor acordar... e parar de estupidificar, sonhar, imaginar!
Toca mas é a trabalhar e deixar de divagar. Começar a pensar na realida... di?

30/09/2005

My name is e-ru-e

Tenho um nome... todos temos.
Ouço um som familiar e volto a cabeça procurando o seu emissor. “Devem estar a falar comigo.”, penso eu.
Esse som já se tornou familiar, não o esqueci. Mas por alguma razão obscura, irracional ou sentimental, associada à minha figura, dou-lhe agora mais valor.
Deixei de ouvir esse som como antes... deve ser por isso que lhe dou valor.
Esse R que vem da garganta, esse U dos labios e esse I emitido algures entre ambos.
O R da garganta aqui não existe, no lugar dele vem primeiro um E. O I foi substituído por algo mais perceptível para eles… Eles.
Eles dizem: e-ru-e.
Eu também. Fui levado a isso. Perdi a batalha… mas não a guerra.
Alguém me sugeriu mudar de nome… até quem me concebeu e me acolheu no seu interior por alguns meses.
De facto, podia mudar o meu nome, mas isso mudaria a minha identidade. Tornaria-me outra pessoa, outro ser, ainda que com caracteristicas semelhantes. Não seria familiar, neste lugar em que o que é familiar me ajuda a passar as horas e relaxar.
Não! Esta é a minha guerra pessoal... o que sou, o que continuarei a ser. Mudar para o segundo nome seria tarefa fácil, mas não vivo de facilidades. Gosto do que é complicado, difícil, embrulhado.

E vou permanecer assim… neste estado continuado de nome alterado... mas não substituído!


Outras divagaçoes acerca do nome:
At the Drive In - Give it a name
Manic Street Preachers - What's my name
The Coral - I forgot my name
Depeche Mode - What's your name
The Beatles - I call your name
The Fall - A lot in the name
Talking Heads - (give me back my) name
Pedro The Lion - To protect my family name
The White Stripes - When I hear my name
Elliott Smith -
No name #1
Zeca Afonso - Chamaram-me cigano (porque não?)
Humanos - Maria Albertina

E... obviamente: Eminem - My name is (foi mais forte que eu...)

27/09/2005

Debaixo de um telhado de chumbo

Vivo debaixo de um telhado de chumbo.
Dia, noite... ele é cinzento.
É esta cidade, este país, as pessoas... são assim.
Por vezes chove, por vezes não.

Antes fosse eu a decidir, mas não sou!
E este telhado de chumbo, que raramente me deixa ver o sol?!
Antes telhados de vidro lusos, solarengos!

Claro que também são cinzentos por vezes...
Com chuva que pesa sobre nós, de tão forte que é.
Mas pelo menos o sol diz-nos um olá tímido no Inverno e da um valente abraço envolvente no Verão.
Sei que tenho de continuar debaixo deste telhado.

Tenho... mas não é esforço, é voluntário.
Até porque tenho um abrigo que em tão pouco tempo já se tornou uma casa... uma "primeira" casa, que me protege deste telhado... deste chumbo que envenena a alegria.

Mas não a mim, que do abrigo fiz antídoto, panaceia.
Quem sabe um dia surja uma janela neste telhado e também aqui o sol perca a timidez.

E talvez aí me aqueça, quem sabe me abrace.
Fico à espera.
Ouviu sr. sol?

21/09/2005

Falando em tudo que complexamente na cabeça vai

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Sobre o blog e aquilo que escrevo:

Não pretendo mostrar-me como poeta, interessante ou culto... isso seria um insulto.
Mostro apenas pedaços de mim, sem desses pedaços querer fazer um acontecimento. Nem tento!
Considero-me um organizador de ideias e emoções, em momentos.
Um arquivador e divulga
dor de palavras com diferentes entendimentos, significados... por vezes mal amados quando analisados.
Um bibliotecário, guardador de diários pessoais sob a forma sentida, honesta e compartida.
Um tradutor da insanidade do dia e às vezes da demasiada calma da noite, que se escapa sob esta forma sã e adaptada... mas também por vezes alterada.

Um guardador de pensamentos e sonhos, da imaginação e do que é criativo, que permito a olhares curiosos ver um pouquito... pois nisto sou egoísta. Muitas vezes guardo apenas para mim e para os meus botões, quando os tenho para algo partilhar.
Acima de tudo, gosto de falar naquilo que complexamente na cabeça vai e que por vezes grita insuportavelmente para sair.
E sai...

20/09/2005

Olhares sobre mim

Como me vejo:

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Como me veêm:
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Parece consistente... mas o que sou realmente?
Transparente!


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1ª imagem: South Park studio (gracias Rog)
2ª e 3ª imagens by Ubik (gracias!!!) :o)
4ª imagem: algures na net

19/09/2005

A minha alma matemática

O que um dia foi para mim, ainda o é.
Nada se alterou, transformou, mudou.
Tudo permanece uma constante.
O que sentia, continuo a sentir.
Como via, continuo a ver.
Apenas voltei a juntar os pedaços de mim que tinham sido divididos, subtraídos... e agora unidos.
Permaneço a constante desta equação complicada.
O inalterado no alterável, a permanência na inconstância... a consistência.
Continuo a ter um coração para dar, sem esperar um receber.
Já tive um, mas perdeu-se em alterações, modificações, transformações.
Quem sabe do caos surja a ordem, a constante que falta... e o resultado da equação seja finalmente um sucesso.
Não será preciso fazer cálculos.
Basta esperar a evolução desta ciência complicada.
Quem sabe fazer uma pausa?
Quem sabe depois da pausa, olhando de outra forma, as respostas estejam lá... e a equação se torne completa.
A minha alma matemática espera-o.

Mais matemáticas complicadas em:

Radiohead - 2+2=5
dEUS - Little Arithmetics
Soul Coughing - 4 out of 5
Cake - Friend is a four letter word
Aimee Mann - One
Ornatos Violeta - Um beijo=1000
Elis Regina - Dois pra lá, dois pra cá

16/09/2005

Os outros amigos de Gaspar

Algo antigo, mas bem a propósito deste blog.
Convém trazer alguma sanidade mental, que anda desaparecida por aqui nos últimos tempos... eh eh


Sérgio Godinho - Os Amigos do Gaspar


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14/09/2005

O meu poema simples II

La, la, la, aqui chegueisteis. La, la, la. dai partisteis.
La, la, la, para ai voltareisteis... e de novo me texteis.

Hmmm... acho que se continuar a tentar consigo fazer coisas mais parvas ainda. Prometo!!!

13/09/2005

11/09/2005

Pedaços urbanos de mim

Estou a funcionar em modo nostálgico.
Estou aqui, mas já não estou... volto a dizer.
Sei que o que sou, vai-se transformar, mudar, alterar.
Se de uma auto-biografia se tratasse, acabaria aqui o volume um.
Ma se a fizesse, não a escreveria, porque a escrita altera as emoções que um dia foram exprimidas e não lhes fazem juz.
Mais sentido faria uma imagem, duas imagens, três imagens ou outras mil.
Mil palavras vezes uma, vezes duas, vezes três, vezes mil.
Nestas imagens seria o que sou: o meu olhar. Como me sinto e senti sempre.
Nelas estaria a história de uma vida curta, escrita em linguagem de rugas.
Seriam acompanhadas da banda sonora da minha vida, em constante audição. Diferentes músicas, para diferentes estados de alma.
Pano de fundo... a cidade. Escura mas luminosa. Por vezes fria, outras quente. Mas sempre uma cidade.
Pedaços urbanos de mim... que fazem a minha história assim!



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Volume 2 em So Cosmopolitan of Me

Pedaços de mim... continuam por aqui!

08/09/2005

Vinde para baixo senhoras torres, qual cavalo de Tróia em Tróia!

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Torres do antigo complexo turístico da Torralta vieram abaixo

Vinde para baixo senhoras torres, nós vos rogamos.

Vinde pois precisamos dos votos contidos na vossa estrutura implodida.

Fazei uma festa, convidai os altos dignatários dos vossos pedaços de terreno e os dos pedaços maiores e glorifiquemos este momento.
Parai o país para ver a exaltação dos monarcas, pois este momento é de celebração.
Bradai! Bradai povo aos céus em agradecimento, pois a nós devem estar agradecidos... a nós que acreditamos habitar esses céus.

Vinde para baixo senhoras torres, pois aqui vos esperamos... para mandar pó para os olhos de quem vos olha.
Vinde para baixo senhoras torres, pois queremos construir as vossas irmãs e destruir a natureza que vos rodeia.
Qual cavalo de Tróia em Tróia, a vossa queda será bem-vinda. E os soldados da construção começarão a sair e a transformar para mau, aquilo que de bom existia. Aí teremos a nossa vitória e já ninguém nos pode parar. Aí teremos a nossa recompensa de poder e luxúria.

E assim elas caíram...

07/09/2005

Estou aqui, mas não estou (I am not here... this isn't happening)

Estou aqui, mas não estou.
Olho para os prédios e vejo outra cidade através deles. E o mar ali à minha espera.
Olho para as pessoas como se estivesse a ver memórias recentes.
Sinto-me a viver um presente que demora em tornar-se
passado.
Estou aqui, mas não estou...
Este já não é o meu abrigo, o meu tempo, o meu espaço.
Já viajei, estando aqui.
Já cheguei, onde ainda não estou.
Estou aqui, mas não estou...
Caminho por ruas que um dia fiz minhas, mas o que vejo são as outras.
Acordo lá, nos meus lençois aqui.
E a espera? Que interminável ela se tornou...
Estou aqui, mas não estou...
Quando estiver lá, acordarei aqui.
E pensarei aqui. E viverei aqui.
E serei eu outra vez... aqui.
Estou aqui, mas há muito que deixei este lugar.

Estou aqui... mas já não estou... Fui.
Voltarei no tempo de um albúm!

To be continued in:
How to Disappear Completly, by Radiohead

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06/09/2005

In love with an album I: Sigur Rós - Takk

Ele faz-me sentir bem. Com ele experimento emoções, contradições de sentimentos, momentos... eu chamaria de alentos.

Não preciso dormir... só voar, cantar, dançar... sem pensar. Subo cada vez mais alto. Um acorde, dois acordes. Uma melodia e estou no céu. Não sabia que era assim tão simples.

Não preciso de avião, de nada artificial. Vôo sem asas, mais alto, mais alto, mais alto... estão a ouvir-me? Estou a gritar aqui do alto!!! Olááá. Mais alto. Uma nuvem, outra nuvem. Quero aquela estrela para mim. Vou esticar a mão, porque sinto que posso alcançá-la. Passei por ela. Disse-lhe olá. Quero um planeta. Aquele ali, mais à frente, rodeado por 2 sóis e uma estrela anã azul. Guardo-a para mim. Brinco com ela. Vejo o fim do universo. Está já ali... tão perto. É feito de seda negra, macia, perfeita, pura. Passo o fim e vejo-me no início.

Volto para trás, despindo a seda. Deixo a anã azul perto das irmãs douradas e digo adeus ao planeta. Adeus estrela, adeus nuvem... estou a chegar. Ouço o meu olá enquanto desço. Mais baixo, mais baixo, mais baixo. A melodia está cada vez mais baixa e sinto-me a adormecer. Começo a sentir calma, paz... relaxo. Volto para ele, no mesmo sítio onde estava quando o deixei.

Estava aqui... no meu computador... a rodar para mim. Nunca pensei ser possível... mas apaixonei-me por este álbum.

Vou agora dormir. Amanhã vou deixá-lo tocar e viajarei de novo. Esquecerei tudo o resto e por momentos, por breves momentos... estarei em paz.

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Sigur Rós - Takk - À venda no dia 12 de Setembro!

Não deixa de ganhar um significado especial um álbum que me faz viajar... e que sai no dia da minha primeira viagem de afastamento temporário deste país...
E que me faz lembrar que não poderei ver o concerto em Lisboa...

E que me faz lembrar uma pessoa muito especial para mim... e que adoro.

E como na viagem de sonho... também voltarei um dia e ouvirei o CD por cá.

Vou e volto... no tempo de um albúm!

05/09/2005

Dúvidas existenciais II: Qual o significado do coito nos jogos infantis?

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Tenho uma dúvida existencial...
Como qualquer criança, em pequeno jogava muitos jogos infantis nos tempos de lazer. Às escondidas, à apanhada, ao macaquinho-do-chinês, à macaca (sim... um bocado abichanado este), à cabra cega, ao bate-pé (pois...), etc etc.
Na altura tudo me parecia simples, ingénuo, sem malícia. Mas agora que cresci, pergunto-me: porque em alguns jogos havia um COITO?

COITO
: do Lat. coitu; s. m., cópula carnal (In Dicionário de Língua Portuguesa Online)

Ok... não será isto algum tipo de Educação Sexual não declarada?
Por exemplo, quando jogava às escondidas, fazia tudo para chegar ao coito, pois esse era o objectivo do jogo. Mas tinha de o fazer sem ser apanhado, pois só assim teria a glória de alcançar o objectivo desejado. Se não alcançasse o objectivo, seria uma espécie de coitu interruptus.
Tradução:
- Se te portares bem e não fores apanhado, tudo estará bem e podes alcançar o tão desejado prazer.
- Se fores apanhado... temos pena! Não só não retiras prazer, como serás punido com algum tipo de castigo.

Mas o que andamos nós a ensinar às crianças?! Nada de grave creio eu!
Obrigá-las a trabalhar de sol a sol, cozendo ténis de marca na Ásia, para nós os podermos comprar a baixos preços ou obrigá-las a trabalhar no nosso país em obras públicas, por não querermos pagar mão-de-obra mais cara... é MUITO PIOR.

Mas continuo sem perceber porque existe este coito...?!

02/09/2005

Minha amiga barata

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Vivo com uma barata. É a minha companheira mais fiel. Para onde quer que eu vá, sei que quando volto ela estará lá para me receber de asas abertas...

Ainda temos alguma dificuldade na interacção, é verdade... Ela foge de mim quando me vê. Não percebo porquê, já que não tenho qualquer tipo de fúria sapatal para com ela...

Quero torná-la minha amiga!

Podia preparar-lhe um suculento repasto de bolas de cotão (o que não falta por aqui), mas receio que viessem outras roubar-lhe isso...

Não é a primeira barata com que eu tenho uma relação e ela de algum modo deve saber isso. Existiu uma antes na minha vida, mais velha, madura... mas as coisas não correram bem. Dois egos demasiado grandes para a mesma casa. Ambos nos achávamos donos e senhores do mesmo espaço. Mas eu varri-a literalmente da minha existência. A última vez que a vi, desapareceu por debaixo da porta do prédio... rumo a ruas nunca dantes palmilhadas. Quem sabe outra pessoa a acolha.

Mas isso faz parte do passado. Esta barata é jovem, insegura e não sabe para onde vai. Tem os cantos escuros e buracos como amigos. Cabe a mim mostrar-lhe que não há que ter medo.Não lhe farei mal.

E mesmo não a vendo, sei que ela está aqui, ao pé de mim. Faz-me companhia.

Agora, se fosse uma MELGA...

01/09/2005

A alma em estados

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Sou perseguido pela depressão. Ela está obcecada por mim. Quer tornar-me sua. Mas eu não quero.

Estou casado com o stresse e sou irmão da ansiedade. A minha amiga fobia faz-me ter medo dela. E fico neuroticamente histérico só de pensar nela.

O meu corpo contorce-se no escuro, temendo a sua visita. Dói-me a barriga, com o arranhar das entranhas, em ebulição com a expectativa. Os suores frios dizem olá às insónias, que dormem sobre os olhos vermelhos vendo os segundos transmutados em minutos, em horas de impaciência.

Não tenho visto o pânico ultimamente, mas estou obsessivamente preocupado com o isolamento auto-imposto pelos estados maníacos de hiper-actividade. Poderá tornar-se imposto por outros, se o cansaço lhes chegar a atingir e a paciência lhes fugir.

Gostava de ser autista e viver no meu mundo, mas havendo outros autistas neste mundo, ele deixa de ser meu e nós de ser autistas.

Procuro ter vários pensamentos para evitar um pensamento recorrente, mas aí fico exausto, pois a memória de um pensamento já se tornou mais forte que os que com ele competem. Vitória de um pensamento, perdida por mim.

Fadiga, apatia, desânimo, mal-estar... parasitas que acompanham a depressão e se alimentam com ela. Querem levar-me o meu irmão mais novo: o optimismo.
Aquisição mais recente da família, mas também o mais fraco, imaturo e sensível. Tenho de lhe dar constantemente comida, pois não o sabe fazer sozinho.
Um dia será forte e se tornará polícia. Guardador de pensamentos. Zelará por mim.
Prenderá a depressão na masmorra mais funda e inacessível da minha memória.
Ocasionalmente poderá ser visitada pela amiga solidão. Mas apenas para lembrar que por ela existir, a alegria pode nascer, crescer e quem sabe um dia perseguir-me. Ficar por mim obcecada e eu tornar-me parte de si.

29/08/2005

Mas que raio de enchumaço era aquele?- Lisbon Soundz









Franz Ferdinand:
Junte-se 1) um guitarrista que provavelmente disse "um dia quando for grande quero ser um beatle e vestir roupas justas, versão queer anos 60", 2) um baixista versão estátua loura com pose de deus grego e a armar para o beto que toda a gente gozava na escola, 3) um baterista esquizofrénico cujos surtos se manifestam por batidas impacientes, sem conseguir estar mais de 5 segundos parado e finalmente 4) um Elvis versão esquelética, Ego-brit de veia narcísica e pseudo-Casanova... e tem-se a receita de um concerto de sucesso!

Tempo ainda para uma musica "never never never played before".
Faltou o "This fire" para pegar fogo a Lisboa (das poucas áreas do país que não arderam ainda...).
Apesar de tudo, conseguiram que uns resistentes gritassem por eles, mesmo depois de começar a música do "vai-te embora que o concerto já acabou e a gente quer arrumar esta treta".
Uma pergunta ficou por responder... Mas
que raio de enchumaço era aquele nas calças do vocalista? Contente por nos ver?... Ficará para a próxima a resposta. Nós também ficámos contentes de os ver.

Mogwai:
Um concerto quase-muito bom. Não animou os que esperavam pela electricidade dos Franz, mas de certeza preencheu muitas das medidas de quem ia lá para os ver também. A noite ajudou à magia e não foi preciso nenhum Harry Potter para isso (apesar da banda vir de terras de sua majestade também).
Estes senhores sabem mexer com sentimentos. Do calmo relaxante para o segundo seguinte de explosão de raiva. Catártico diriam alguns.
Até os compatriotas de saias (entenda-se escocesas) Franz Ferdinand os elogiaram. Boa!

Jimmy Chamberlain Complex:
Não, não é nenhum problema psicológico que
tenha, fez questão de frisar o senhor. É apenas um convite a se albergarem um tempo neste "complexo" e partilharem com eles da alegria de fazer música.
Sim, sim... já sabemos que gostam muito de Portugal e Lisboa é uma cidade maravilhosa. Já estamos fartos de ouvir isso. Até o Lenny Kravitz queria vir viver para cá e ter uma portuguesa que cuidasse dele (partilhado no SBSR do ano passado). O que a droga faz às pessoas...

Bunny Ranch:

Cheguei tarde, mas já sabia o que a casa gasta! Baterista com bicho carpinteiro que não sabe estar quieto, mas que em conjunto com a banda consegue transmitir esse bicho ao público. Há quem goste de mais do mesmo durante várias músicas... há quem vá buscar uma cerveja.
São portugueses e isso valoriza-os. Conseguiram
entrar num "festival de estranjas". Valeu!

28/08/2005

dEUS

Para terminar a trilogia de posts de reflexão "religiosa"... aqui fica uma sugestão de um novo álbum que pode ser ouvido sem fanatismos, mas que merece algum tipo de devoção:


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A sair em 12/09/2005