Vivo com uma barata. É a minha companheira mais fiel. Para onde quer que eu vá, sei que quando volto ela estará lá para me receber de asas abertas...
Ainda temos alguma dificuldade na interacção, é verdade... Ela foge de mim quando me vê. Não percebo porquê, já que não tenho qualquer tipo de fúria sapatal para com ela...
Quero torná-la minha amiga!
Podia preparar-lhe um suculento repasto de bolas de cotão (o que não falta por aqui), mas receio que viessem outras roubar-lhe isso...
Não é a primeira barata com que eu tenho uma relação e ela de algum modo deve saber isso. Existiu uma antes na minha vida, mais velha, madura... mas as coisas não correram bem. Dois egos demasiado grandes para a mesma casa. Ambos nos achávamos donos e senhores do mesmo espaço. Mas eu varri-a literalmente da minha existência. A última vez que a vi, desapareceu por debaixo da porta do prédio... rumo a ruas nunca dantes palmilhadas. Quem sabe outra pessoa a acolha.
Mas isso faz parte do passado. Esta barata é jovem, insegura e não sabe para onde vai. Tem os cantos escuros e buracos como amigos. Cabe a mim mostrar-lhe que não há que ter medo.Não lhe farei mal.
E mesmo não a vendo, sei que ela está aqui, ao pé de mim. Faz-me companhia.
Agora, se fosse uma MELGA...
5 comentários:
A minha Mia ia adorar ter uma barata lá em casa para brincar... imagino... os saltos que iria dar!
beijos, muitos
Pode ser que apareça a outra que saiu pela minha porta. De certeza que ela gostaria. eh eh. besos
Achei piada ao texto...
Mas DETESTO baratas!!!!
Apesar de não gostar nada de baratas, li o pots.Talvez eu esteja confundido, quem sabe, nas pareceu-me que também o autor esteja, pois há certas passagens do pots, que me levam a crer que a barata, seja apenas um nome, para algum sentimento de amor recalcado, perdido. Não seria afinal a barata um outro ser qualquer...
Pelourso: quando escrevi isto não tinha qualquer objectivo em mente. Apenas estava a descrever o facto de realmente ter uma barata em casa. Mas depois de acabar percebi que o texto pode ser visto com outros olhos. Digamos que provavelmente o texto foi contaminado pelo meu inconsciente...
Mas não é necessáriamente autobiográfico... ou é. Não sei. ;)
Hugz
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